A chegada dos jesuítas ao Brasil para a realização da sua missão evangelizadora, remonta ao ano de 1554, ano em que esses religiosos fundam as primeiras “escolas” no Brasil, com destaque para o trabalho do padre José de Anchieta que fundou o Colégio de São Paulo de Paratininga, embrião da maior metrópole do Brasil contemporâneo: São Paulo.
Destaco que os padres jesuítas não eram funcionários da corte portuguesa e que a educação promovida por eles não fazia parte de um plano do estado português para o Brasil, não era uma política pública de estado. Na verdade em alguns momentos essa pratica educativa, que poderíamos chamar de terceirizada, se chocava com os verdadeiros interesses da coroa portuguesa, que interessada apenas em enriquecer explorando essa terra e seus habitantes, conduziu-os, em várias oportunidades, a condição de escravos.
A Igreja Católica inserida dentro do contexto das práticas mercantilistas do antigo sistema colonial no Brasil, implementou na prática o primeiro projeto de educação da América Latina. Sempre esteve ao lado dos povos indígenas nativos, tanto os reduzidos nas missões, quanto os apressados por conquistadores como os bandeirantes. A Igreja abençoava, levava a missa e alfabetizava colonos e escravos brasileiros. A Igreja nessa gênese esteve ao lado e nos momentos finais da vida de muitas vitimas históricas do processo que promoveu a conquista portuguesa sobre a terra que hoje chamamos Brasil.
Em 1808 com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, inicia-se o processo de emancipação política nacional. Nesse ano de 1808, a fundação da Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia do Rio de janeiro que posteriormente transformou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro no campus da praia vermelha, foi o marco do surgimento de um novo tipo de educação proposto pelo poder público que atingia uma parcela diferente da sociedade atendida pela Igreja. Esse ensino de novo tipo é o Ensino Superior que surgiu para atender a uma nova classe dominante, burguesa, pequena burguesa, uma classe urbana da Lisboa lusitana, a comitiva da família real, foragidos de Napoleão Bonaparte que tomaram de assalto as praias brasileiras.
A formação (educação) em especial para o quadro funcional da elite política e econômica que dirigia o estado brasileiro, a demanda por profissionais qualificados para servirem ao Império prestes a nascer, uma formação que atendesse aos filhos dos mais ricos, impulsionou a criação de um sistema de ensino diferenciado do da Igreja, que ensinava muitas profissões, com destaque para o início da formação de professores. Esse Ensino Superior formou os primeiros mestres e doutores autóctones do Brasil.
Professor Fabio Freitas