Segundo a periodização histórica tradicional, a História
Contemporânea (e o capitalismo) têm no início da Revolução Francesa, em 1789, seu marco inicial. Note que falei: início da revolução francesa. Sempre que falamos em revolução falamos em acontecimentos importantes, de fortes repercussões sociais. Quando falamos em revolução, falamos em mudanças profundas, mas não necessariamente em mudanças rápidas. No caso da Revolução Francesa, costuma-se considerar um período de dez anos (1789 - 1799) de acontecimentos para compor essa revolução.
Da mesma maneira que a revolução francesa forneceu os ingredientes políticos e ideológicos para a consolidação da sociedade capitalista, coube à revolução industrial fornecer as condições para a consolidação dos aspectos econômicos dessa nova forma de organização social. A revolução industrial promoveu relevantes mudanças, tanto no sistema produtivo, com o início do sistema fabril, quanto nas relações sociais de produção, com a massificação do trabalho assalariado. Mais uma vez, foram mudanças profundas, mas que não ocorreram instantaneamente.
A revolução industrial teve seu início em meados do século XVIII e podemos dizer que ainda estamos vivendo esse processo até os dias de hoje. Todo esse longo período revolucionário industrial, é subdividido em fases. Temos uma fase inicial no século XVIII, (ou primeira revolução industrial) marcada por invenções e proliferação de máquinas movidas a vapor, pelo surgimento das indústrias têxteis na Inglaterra e pela criação e expansão de ferrovias, o que revolucionou os trasportes de pessoas e mercadorias pelo mundo. Porém na segunda metade do século XIX, novas e inovadoras máquinas e motores movidos a combustão e a eletricidade, tiveram tamanha repercussão que inauguraram o que se costuma chamar de “Segunda Revolução Industrial”.
Sobre o contexto histórico do desenvolvimento tecnológico que configurou essa nova etapa do desenvolvimento industrial, o historiador Max Hastings, no primeiro capítulo do seu livro “Catástrofe: a Europa vai à guerra", escreveu: “[…] avanços tecnológicos, sociais e políticos alastravam-se pela Europa e pelos Estados Unidos numa escala nunca vista em qualquer outro período, um piscar de olhos da experiência humana. Einstein anunciou a sua teoria especial da relatividade, Marie Curie isolou o rádio, e Leo Baekeland inventou a baquelita, o primeiro polímero sintético. Telefones, gramofones, veículos motorizados, sessões de cinema e casas com eletricidade tornaram-se lugar-comum entre pessoas abastadas nas sociedades mais ricas. Jornais de circulação em massa adquiriram influência social e poder político sem precedentes”
Essas novas tecnologias aceleraram a produção industrial que se espalhava pela Europa (onde se originou) e pela América (notadamente Estados Unidos). Uma primeira consequência das inovações tecnológicas no setor industrial foi um aumento extraordinário na produção e por conseguinte na oferta de mercadorias. Nesse momento do desenvolvimento do capitalismo surge a propaganda, como nova estratégia para vender e desovar a grande produção industrial. Também nesse contexto surgem as mais antigas marcas de mercadorias, como o Champagne na França.
Se as técnicas de produção e a venda de mercadorias foram inovadas, os métodos para obtenção de investimentos necessários à edificação de novos empreendimentos, também se renovou, com associações e fusões de bancos e fábricas na união do capital bancário com o capital industrial, criando as bolsas de valores. Surgia assim o capitalismo financeiro e as grandes empresas multinacionais, as grandes corporações, grandes oligopólios, cartéis e trustes em setores da economia produtiva.
Uma segunda consequência importante do incremento produtivo das novas máquinas da segunda revolução industrial, foi o aumento da demanda por matérias primas para alimentar a nova e estendida capacidade produtiva. Máquinas mais produtivas geravam mais mercadorias e necessitavam de mais mercados consumidores e fontes de matérias primas para fazer as engrenagens capitalistas girarem. Para atender a essas novas necessidades os países industrializados voltaram suas atenções para os povos menos desenvolvidos que podiam consumir seus produtos e fornecer os insumos necessários a sua produção. Iniciou-se o processo chamado de neocolonialismo em que países industrializados passaram a procurar novas colônias (especialmente na África e Ásia) para garantirem as operações industriais das suas elites.
Nesse momento (segunda metade do século XIX), os interesses das indústrias passaram a ser assunto de interesse dos governos dos países industrializados. Essa nova etapa do desenvolvimento da sociedade contemporânea foi denominada pelos teóricos do movimento operário e sindical que se estruturava internacionalmente na época, como Capitalismo Monopolista de Estado, ou simplesmente como Imperialismo. A disputa dos países europeus por novas colônias gerou conflitos com populações locais e especialmente entre as próprias nações industrializadas da Europa. Esses disputas por novas colônias estão entre as causas da primeira guerra mundial.
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