A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Ilustração: paisagem londrina do século XVIII

    A revolução industrial é um dos processos mais marcantes na longa marcha da evolução cultural humana ao longo do tempo. Foi o início das condições materiais que determinam nossa existência na Idade Contemporânea. As mudanças culturais ocorrem, de maneira geral, lenta e gradativamente de geração após geração, mas com a revolução industrial essas mudanças não só passaram a ocorrer num ritmo cada vez mais acelerado, como se espalharam pelo mundo com uma velocidade inédita na história. Nesse ano de 2025 são 3 séculos de mudanças que afetam inclusive o clima do planeta.

    Utilizando máquinas e motores os ingleses conseguiram aumentar a extração das minas de onde saiam ferro e carvão (mineral), que já eram utilizados nas manufaturas, mas transformaram-se em matéria-prima e combustível primários das novas máquinas que não passaram de ser criadas e utilizadas para produzirem mais e cada vez mais. 

    A ilha da Britânia ter sido o berço de nascimento das mais antigas fábricas movidas por uma tecnologia que já era conhecida pelos helenos na antiguidade (vide máquina de Heron), é consequência direta do processo de acumulação primitiva do capital ocorrida durante a expansão marítima e comercial que, por sua vez, formou a classe burguesa britânica. Essa classe é a protagonista do processo de industrialização. Ela aliou-se a Monarquia e desde a época dos corsários transformou-se num sustentáculo econômico para o Estado, interferindo diretamente na sua organização.

    Os melhoramentos no motor a vapor, feitos pelo burguês James Watt (1736 – 1819) foi um dos muitos trabalhos de desenvolvimento tecnológico e científico que marcaram o processo do estopim industrial. Nesse contexto histórico, quando parte dos lucros do comércio passaram a ser investidos na mecanização da produção, com nítidas intenções de aumentar a produção de mercadorias para a venda, o capital comercial transformou-se em capital industrial. Garantindo cada vez mais a satisfação de antigas demandas, ao mesmo tempo que estimula novas necessidades, as indústrias, o comércio e o capital deram início a novas formas históricas de riqueza, relações e poder.

    Os tecidos das fábricas inglesas rapidamente passaram a ser os uniformes da marinha, do exército, do Parlamento. Os produtos da industria burguesa sempre tiveram nos governos grandes compradores e portanto financiadores indiretos. A industria substituiu o lugar das manufaturas estatais por empreendimentos privados que prestavam o serviço de produção e abastecimento das demandas do Estado. A procução de armas, cada vez mais inovadoras, padronizadas e em larga escala, mudou a história dos conflitos e das guerras, da mesma forma, novas mercadorias industrializadas foram criadas e aperfeiçoadas alterando radicalmente vários comportamentos humanos tanto na esfera pública como privada.

    De todas as mudanças que gerou na organização social, a projeção da classe burguesa ao poder político foi a mais relevante certamente. Os novos burgueses ricos, comerciantes, industriais e banqueiros, pagadores de impostos que sustentavam as finanças públicas, eram defensores do trabalho assalariado que cria consumidores, já a antiga nobreza aristocrática, os amigos do Rei, que ocupavam espaços importantes em toda a estrutura estatal por pura tradição, pensavam em outros termos, obediência, lealdade e até escravidão. Como as engrenagens das máquinas, velhos generais incompetentes, amigos do rei, tinham que ser substituídos por novos e mais competentes comandantes. Por fim foi necessário tirar os Reis do caminho. E a Revolução Industrial desencadeou revoluções políticas, na Europa, na América e pelo mundo. 


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