HISTÓRIA E GEOGRAFIA DA ÁFRICA



Para estudar história precisamos levar em consideração as características dos diferentes ambientes que serviram de cenário as ações de intervenção humanas ao logo do tempo. Em lugares diferentes, diante de recursos diferentes, os homens desenvolveram distintas formas de relação com a natureza com que se depararam. Assim precisamos considerar alguns aspectos da geografia física e de elementos específicos da natureza no continente africano para entendermos a presença humana nesse imenso território que se estende de note a sul do trópico de câncer ao trópico de capricórnio extrapolando essas linhas imaginárias. Portanto o continente marca presença nos dois hemisférios terrestres e é preenchido por diversas zonas climáticas e ecossistemas que influenciam os modos de vida humano.

Levando em consideração os biomas, a África é, antes de tudo, um continente de pradarias. Uma grande variedade de vegetação de pequeno porte (incluindo pastagens, estepes e savanas) cobre mais de 50% de sua superfície total em seguida vem os desertos, com cerca de 30% do território e por último as florestas, com menos de 20%. No plano da ocupação humana, essa diversidade de meios ambientes foi de extrema importância.


As pradarias, com sua grande variedade de mamíferos de grande porte como antílopes, gazelas, girafas, zebras, búfalos, elefantes, rinocerontes, hipopótamos … (sem contar animais de pequeno porte) asseguraram, desde os tempos mais remotos, a subsistência humana por meio da caça. A abundância de recursos animais foi sem dúvida bastante útil ao homem africano durante um longo período. As reservas de caça na África, pareciam a tal ponto inesgotáveis, que algumas comunidades africanas até hoje preferem viver da caça e não ultrapassaram esse estágio de desenvolvimento. Por outro lado o desenvolvimento do pastoreio foi prejudicado em várias regiões pela presença da mosca tsé-tsé, principal (não o único) transmissor da tripanossomíase, uma infecção que provoca no homem a doença do sono e que é mortal para os animais. As savanas também forneceram frutas e raízes comestíveis, bem como materiais para a fabricação de utensílios, vestimentas, abrigos e naturalmente plantas passíveis de domesticação através da agricultura que também contava com um importantes inimigos naturais como o gafanhoto, uma verdadeira máquina de comer plantas.

São 3 os grandes desertos da África: a sudoeste, onde hoje é a Namíbia ficam 2: o Namib (o mais inóspito e antigo deserto da terra) e o Kalahari (o que apresenta maiores índices de chuvas anuais). Ambos tem vestígios da presença de grupos nômades primitivos que lá deixaram seus utensílios e ainda hoje percorrem a região. Mas é o Saara, ao
norte, o campeão dos desertos. É mais de 3 vezes maior que o Brasil. Subdividido em várias regiões, esse deserto tem uma história própria. Nem sempre foi um deserto. Nele se encontram além de muitos ossos e fósseis, vestígios em pintura rupestre de grupos humanos caçadores que remontam a um tempo de umidade e variedade de fauna e flora. Também a indícios de que ele já foi maior do que é hoje, com a presença de grupos humanos que desde tempos muito antigos, aprenderam a transitar nesse ambiente (destaque para os Tuaregues). O Saara teve um papel muito importante para dificultar e filtrar a penetração de grupos não africanos, vindo do norte até o sul da África.

Quanto as florestas tropicais e equatoriais que marcam as paisagens africanas, elas ocupavam, no passado, uma área muito maior que a atual. Tanto quanto os desertos, sempre foram regiões de peregrinaçã
o de grupos humanos nômades, com a vantagem, é claro, de oferecer muito mais oportunidades de caça e coleta. Ainda da mesma maneira que os desertos, alguns povos escolheram esse ambiente para viver (destaque aqui para os Pigmeus).

Outro aspecto fundamental da geografia da África é seu relevo marcado por planaltos e montanhas. O continente africano se eleva rapidamente muito acima do nível do mar tão logo se afaste das suas estreitas faixas litorâneas. O ponto mais alto do continente é o monte Kilimandjaro, próximo a costa oriental banhada pelo Oceano Índico. Mesmo o Saara possui montanhas, com destaque a cordilheira do Atlas a noroeste. Esse relevo influencia a hidrografia do continente. Todos seus rios antes de desaguarem no mar apresentam grandes quedas d’água (cachoeiras) no caminho das nascentes, no alto das grandes elevações, até chegar ao mar. Nessas condições, um modo de vida bastante característico surgiu as margens desses rios (e lagos) a partir da evolução de técnicas de pesca e de construção de embarcações. Eram comunidades de pescadores que se estabeleciam entre duas cachoeiras. Assim como os desertos, os planaltos, as montanhas, as florestas, as cachoeiras dos rios, foram importantes elementos dificultadores na exploração da interior da África por estrangeiros.

Os principais rios africanos são o Nilo, o Níger, o Senegal, o Zambeze, o Congo, o Limpopo e o Orange. São nas proximidades desses rios que desenvolveram-se sociedades agrícolas e urbanizadas. Grandes reinos por muito tempo isolados até mesmo entre si e desconhecidos do restante da humanidade. É seguindo o caminho desses rios que vamos encontrar essas antigas civilizações que marcaram a história da África e a História da Humanidade.

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