BIBLIOTECAS X PLATAFORMAS

O analógico e o digital

    agosto de 2023

    A leitura física em livros de papel está perdendo espaço para as novas formas de leitura digital.

    Não são só os livros. Os impressos periódicos, como jornais e revistas que hainda existem, são encontrados facilmente em suas versões na internet com uma busca no Google.

    O acesso a internet mudou muito o comportamento do ser humano. E nem todas as mudanças foram positivas. O excesso de esposição de luminosidade nos olhos é um malefício a ser considerado.

    De uma maneira geral, Ciências Humanas se estudam (desde o iluminismo pelo menos) com leituras, com aprendizagens de novas e velhas palavras. A leitura nos da a capacidade de apropriamo-nos de novos conceitos e desenvolvemos a habilidade de manusear novas categorias. 

    A leitura de textos longos e densos está perdendo cada vez mais espaço para a leitura de textos curtos via digital com códigos ao estilo SMS (torpedo), que são instantâneos de um aparelho para o outro.

    Resumidamente a leitura amplia nosso vocabulário e nossa visão e compreensão do mundo. Mas a leitura de que estou falando é a leitura em papel. Uma leitura que se faz com uma certa ritualística planejada de procurar um local adequado, com uma iluminação propícia, com um tempo pré-programado, entre outras condições que, a gosto pessoal, nos ofereçam condições de uma concentração desejada no hábito da leitura.

    Apesar da rede mundial de computadores oferecer uma vasta gama de possibilidades de enriquecimento intelectual, observo a predominância de conteúdos de mero entretenimento, combinadas com estratégias algorítmicas de publicidade que estimulam e vendem o consumismo alienado como estilo de vida feliz.

 Curtidas no facebook ou instagram são mais rápidas e fáceis de fazer do que escrever umas três ou quatro linhas sobre qualquer coisa positiva que pudesse imaginar sobre algo.
 

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    Essa comunicação digital instantânea não matam a fome do entendimento da totalidade da complexidade que a realidade nos oferece. O consumo excessivo desses conteúdos, que não saciam satisfatoriamente nosso intelecto, são viciantes e instigam uma impaciência cognitiva que deprecia a capacidade humana de entender argumentos complexos, de fazer análises, elaborar críticas construtivas ou criar empatia por pontos de vista diferentes dos nossos.

    O afastamento das pessoas do manejo de códices, como livros, prejudica o alargamento das competências e habilidades que desejamos a todos. Nascemos analfabetos, o aprendizado da leitura nos engrandece como pessoas, mas o letramento precisa ser orientado no sentido de continuar nosso crescimento como seres protagonistas de nossa história. A leitura precisa ser posta a serviço do atributo de processarmos argumentos, sutilezas, ironias e emoções expressas em formas de texto.

    Possivelmente o aplicativo mais utilizado nos smartphones brasileiros seja o Whatsapp, onde mensagens curtas tomam um enorme tempo da capacidade de leitura dos usuários. Mas até mesmo nesse aplicativo, cada vez mais as mensagens e chamadas de voz ganham espaço em detrimento do texto escrito. E quando uma postagem por ali é sugerida, cuidado, é grande a chance de mais uma “fake news” estar sendo espalhada.

    Em meio a essa realidade, governos estaduais pelo Brasil estimulam cada vez mais a migração de materiais didáticos para o ambiente digital enquanto abandonam o cuidado com as bibliotecas escolares. O Governo do Estado do Rio Grande do Sul investe nas plataformas “Árvores Livros” e “Elefante Letrado” em diacronia com estudos que sugerem que o papel ainda é o meio mais eficiente para ensinar a habilidade de leitura aprofundada.


Professor Fábio Freitas

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