O NOVO E O VELHO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020.

As eleições municipais desse ano estão quase concluídas mas ainda não encerram-se na totalidade. Falo eleições, no plural, em primeiro lugar porque cada município tem as suas. Novamente no plural porque são duas eleições: uma para o executivo e outra para o legislativo, que ocorrem simultaneamente. As eleições para os legislativos municipais, estas sim, foram as que encerraram-se (com exceção do Amapá que viveu um caso especial de um apagão de energia elétrica que adiou a realização de ambas as eleições). Já as eleições para o executivo seguem para o rito do segundo turno nos grandes colégios eleitorais (cidades com mais de 200 mil eleitores) onde um candidato não tenha conseguido obter 50% +1 dos votos válidos. Mas já podemos tecer algumas considerações sobre esse pleito visto que em sua maior parte já foi decidido o que era para decidir.
Afora toda as excepcionalidades promovidas pela realidade da pandemia, responsável pelo adiamento da realização das campanhas e das eleições, a grande novidade do ponto de vista legal, foi a implementação do fim das coligações partidárias para a disputa no legislativo. Essa nova regra resulta de reformas, que alegam querer aprimorar nosso sistema democrático. Regras propostas e impostas pelos grandes partidos com o objetivo de enxugar o número de partidos do nosso sistema político. Aliada a outras normativas já em curso, como as cláusulas de barreiras, essa mudança colabora se não para a extinção, para a aniquilação das oportunidades de intervenção no jogo democrático de alguns partidos pequenos. São medidas que merecem muitas ponderações, mas deixemos isso para outra hora. Por enquanto vamos nos ater em analisar e comentar alguns efeitos práticos de sua implementação nesse ano de 2020.
Sem coligações os partidos políticos obrigaram-se a lançar o maior número de candidatos que a legislação e sua organização lhes possibilitou para construir sozinhos, cada um por si, o quociente eleitoral que permite o acesso a uma cadeira do legislativo. Em alguns casos os partidos lançaram também candidatos a prefeito, não para concorrer de fato na disputa pelas prefeituras, mas para marcarem presença própria no senário político e fazerem a boa luta pela sobrevivência frente as citadas alterações na legislação eleitoral. Chegamos assim a um recorde de candidaturas, em especial a vereador, nesse último pleito. Nunca vimos tantos candidatos pedindo voto por ai. Essa grande quantidade de candidatos também representou uma queda na qualidade dos concorrentes ao legislativo. Simplesmente muito candidato despreparado apresentou-se para a eleição. Esse grande número de candidatos também promoveu uma redução considerável do número de votos dos que conseguiram eleger-se e até mesmo de outros que embora não eleitos, na eleição passada tinham feito muito melhor desempenho e tiveram suas expectativas de sucesso nessa eleição frustrada com a redução dos votos promovida pela inflação da concorrência.
Também verificamos candidatos muito bem votados que não conseguiram êxito de eleição, devido a regra do quociente eleitoral. Mas isso já não é novidade, é algo que repete-se frequentemente e também prejudica os partidos menores que tem qualidade nas candidaturas, mas não a quantidade que as regras do jogo exigem. Também vimos se repetir os discurso fáceis e o vale tudo para conquistar seu lugar ao sol entre os candidatos, como falácias do tipo “não reeleja ninguém”. Como se ninguém que foi eleito na última eleição tivesse algum valor. Então porque acreditar que algum novo eleito agora seria diferente? Discursos que se repetem como “todos os políticos são iguais” só colaboram para “despolitizar” o debate de ideias e afastar o povo da política. E por último aquele famigerado discursinho: “eu voto na pessoa e não voto em partido”. Prosopopeias de pouco valor agregado para fazer os bovinos adormecerem. Nosso povo continua sendo tratado como gado pelas classes dominantes, pela ideologia dominante e pior, infelizmente, muitos dos nossos amigos, colegas e familiares continuam caindo na cilada, continuam sendo cabresteados e não conseguem libertar a si mesmos dessa vida de gado. Enquanto isso nossa nação vive a condição de neocolônia. Duas coisas importantes também marcaram o último período eleitoral a comemoração do rallowenn e as promoções do black friday pelo comércio.
Não bastasse para encerrar a apuração do primeiro turno, um ataque hacker ao sistema de totalização dos votos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), demonstrou a nítida intenção de desmoralizar o processo eleitoral brasileiro. O caminho da construção de um país desenvolvido, livre e soberano, continua sendo obstacularizado. Que as forças progressistas da nação tenham mais sucesso nas próximas eleições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui: