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Croqui com as regiões originais dos bantu |
Ao entrarmos no centro africano, na região equatorial, nos deparamos com a grande bacia hidrográfica do rio Congo (chamado originalmente pelos bantu de rio Zaire), o segundo maior rio africano e conhecido como o mais profundo do mundo. Só a quantidade de peixes nessa bacia hidrográfica é impressionante. Já foram catalogadas mais de 700 espécies de peixe nesse rio. Nessas regiões também vivem espécies animais como os gorilas, os chipanzés e os bonobos. A presença humana na região é marcada pelo ramo linguístico Banto (ou bantu que já está no plural como me explicou um amigo professor de História de Moçambique). Esses povos são de maior relevância para a história brasileira, pois representam algo em torno de 75% dos povos que para cá foram trazidos pelos portugueses como escravos que iniciaram a construção do Brasil e da nossa cultura nacional.
Os bantu são uma etnia que espalharam-se e povoaram o centro e o sul africano, mesclando-se com outros povos da região e adaptando-se e arranjando-se de maneiras diferentes nessas microregiões deram origem a vários clãs, tribos, aldeias, cidades e reinos. Os bantu constituem na verdade um ramo linguístico que predomina nesse centro-sul africano. Ramo linguístico que desdobrou-se no surgimento de mais de 400 variantes entre as quais das mais falados atualmente estão o suaíli, o lingala, o luganda, o quicongo, o quimbundo, o umbundo, o sesoto e o zulu.
Além da língua, os bantu difundiram um modo de vida muito semelhante nas diferentes regiões que ocuparam ou conquistaram. Eram culturas que praticavam a agricultura, realizada especialmente pelas mulheres. Caçavam aproveitando a fartura que a fauna local lhes oferecia. Mas tanto na agricultura como na caça usavam instrumentos com partes de metal, em especial o ferro, quer dizer conheciam a metalurgia, fabricavam enxadas, facões, machados de ferro, enxós... Esses instrumentos de fero também lhes possibilitavam melhor acabamento em seu artesanato e manufatura. Fabricavam esculturas com marfim e madeira. Com a madeira trabalhada com instrumentos de metais criavam barcos e instrumentos de pesca, o que favorecia seu deslocamento pelos rios da região.
Chegaram a fundar cidades e cobrando tributos de comunidades aldeães estabeleceram reinos como o Reino do Congo com a capital M'Banza Kongo (cuja tradução é cidade do Congo). Praticavam o comércio internamente entre suas comunidades, mas também importavam produtos, como o sal, de fora de sua área de influência. Essa atividade comercial e o próprio desenvolvimento do artesanato em especial da tecelagem, são indícios de que essa cultura tinha conhecimentos matemáticos, no entanto não desenvolveram uma forma de escrita, este fato foi o que bastou para que os conquistadores portugueses, desprezassem todos os demais feitos e realizações dessa cultura e os classificassem como “não civilizados”.
O levantamento da história bantu leva muito em conta os estudos linguísticos e a tradição oral dessa cultura. O linguista alemão, Wilhelm Bleeck, em 1862 esteve na África e observando as semelhanças lexicais, fonéticas, morfológicas e sintáticas existente entre as línguas dos povos ao sul do Saara, provou a existência de um parentesco comum entre elas. A língua original seria o protobantu e também guarda similaridades com alguns ramos de línguas nigero congolesas como o Iorubá que também representa parte considerável escravizados pelos portugueses e que trazidos para cá muito contribuíram com a cultura brasileira.
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