DIREITO DE RESPOSTA

A realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil no ano de 2014 foi um fato que extrapolou a esfera esportiva. Esse evento trouxe com ele a possibilidade de realização de várias discussões e reflexões sobre o Brasil. O teor dessas discussões é o que se pode chamar de política. Então resumidamente a Copa deve ser saudada, do meu ponto de vista, como algo que aproximou o povo brasileiro do debate político, algo que nossas classes dirigentes sempre se esforçaram para evitar. O próprio evento teste, como é conhecida a Copa das Confederações que se realizou em 2013, foi extremamente saudável para nossa história e motivou grandes mobilizações que levaram milhões de brasileiros as ruas para reivindicarem muito mais do que futebol. Essas grandes mobilizações populares que passaram a ser chamadas de jornadas de junho serviram como batismo político para uma geração inteira que despertou (pelo menos naquele momento) tanto para a importância quanto para a necessidade da participação e do protagonismo político como forma de exercício de cidadania.


Tendo em vista toda essa repercussão social, comemoro e saúdo com certo atraso a realização da Copa do mundo no Brasil. Acho que esse tato deveria ser comemorado, mesmo por pessoas que não gostam do futebol, mas que tem em mente a já citada importância participação e o engajamento político do nosso povo. Penso que até mesmo quem era contra a realização da Copa agora pode encontrar motivos extra-campo para ficar feliz com ela. A Copa está reaproximando nosso povo para o debate político. E a infelicidade de quem não deseja isso é que até mesmo as mais raivosas vozes contra a Copa, soam como posições nitidamente políticas que não fazem outra coisa senão chamar aos brasileiros para o debate do que é realmente importante para nossa sociedade.

Eu confesso que já usei muita tinta spray para gravar em lugares públicos mensagens políticas. Já pichei e também colei cartazes com teor político diverso. Gostaria de poder espalhar por todas as cidades ideias e pensamentos sobre como construir coletivamente um futuro melhor para mim e para todos os que me cercam. Palavras de ordem e também poemas que colaborassem para a maior popularização do debate político entre nossa sociedade. Queria que todos conhecessem “O Analfabeto Político” de Bertold Brecht. Para isso não me basta uma lata de spray, uma parada de ônibus e poucas palavras. Quero muito mais, mas por enquanto digo apenas VIVA A COPA e viva o legado que ela deixará para nosso povo e para nossa história.

Professor Fábio Freitas.