“EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E A EMANCIPAÇÃO SOCIAL”

Assino a tese da CTB para o VIII Congresso Estadual do CPERS e digo mais:

A CTB nasceu de uma ampla composição de forças, que compreende os sindicalistas originários da Corrente Sindical Classista (CSC), Sindicalismo Socialista Brasileiro (SSB), independentes, federações estaduais e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, confederações, federações e sindicatos de marítimos e portuários.  A democracia interna, a transparência e a permanente busca do consenso são práticas cotidianas que caracterizam o sindicalismo classista e avalizam a unidade na diversidade. Por isto, a CTB participa ativamente do Fórum das Centrais e de suas lutas unitárias com a compreensão de que é imperioso buscar a unidade dentro da diversidade entre as diferentes centrais.

A CTB tem como bandeira de luta geral a construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, com Democracia, Soberania e Valorização do Trabalho. Esse é o fio condutor de uma série de arranjos políticos capazes de impulsionar o Brasil para um novo rumo, de superação do neoliberalismo e horizonte socialista. A realização de tal plataforma envolve fatores objetivos e subjetivos, a composição de um campo político amplo, com protagonismo e hegemonia dos setores populares, e a conquista dos espaços de poder e decisão estatais. Nossas proposições dialogam, por um lado, com a luta geral dos trabalhadores, centrais sindicais e movimentos sociais, cabendo aqui a centralidade da luta pela mudança da política econômica, pelas reformas estruturais (Educação, Saúde, Comunicação, Tributação, Urbana, Agrária e Política), pela democratização do Estado, com aquelas de conteúdo emancipacionista, em especial com o combate ao sexismo, ao racismo, a homofobia, à destruição ambiental, e as próprias da Educação.

Do ponto de vista das lutas educacionais, a primeira questão a ser garantida é a da plena aplicação do Piso Salarial Profissional Nacional, no vencimento básico, na estrutura da carreira, com respeito à formação e à jornada (aplicação imediata do 1/3 de hora-atividade). Igual importância tem a luta pela profissionalização dos funcionários da educação e seu reconhecimento legal para a percepção também do Piso. Em matéria de financiamento, a questão nevrálgica é fazer aprovar ainda esse ano o novo Plano Nacional de Educação (PNE), com a garantia de aplicação de 10% do PIB na Educação.

Entendemos que o CPERS é um sindicato com histórico de lutas, protagonismo e referência em termos políticos e organizativos. Porém, há tempos é perceptível um esgotamento da capacidade de mobilização da categoria, decorrente de múltiplos fatores: a ofensiva  neoliberal, a precarização das condições de salário e de trabalho, a avalanche de contratos emergenciais, a “judicialização” das lutas, a precária organização de base, a falta de renovação das lideranças sindicais, a incapacidade de diálogo entre as diferentes correntes de opinião política no interior do Sindicato.

A relação política com a CNTE deteriorou-se no último período. A ausência nos fóruns, instâncias e atividades da CNTE associada à displicência em encaminhar as orientações da entidade nacional em prol da adesão a uma pauta de outro movimento nacional descaracterizou muitas das lutas, lançou confusão na base e também contribuiu para a despolitização e desmobilização em muitos momentos. O viés extremista e radicalizado das opiniões e ações dos diferentes grupos políticos também pesa na avaliação do quanto o Sindicato e a categoria perdeu em capacidade de convencimento.

Interessa, portanto, nesse momento, rearticular, repactuar, a ação sindical, sem abdicar da independência política em relação ao Governo, tampouco dos princípios e diretrizes que orientam cada uma das correntes sindicais, sob pena de isolamento, desgaste, perda de prestígio e coadjuvância política mesmo entre os próprios educadores, perante a sociedade civil e o diante do Estado. É preciso qualificar o debate político-sindical, sem pretextos para a não consolidação da unidade de luta, tampouco para rupturas e oposições danosas ao encaminhamento vitorioso das pautas que interessam aos trabalhadores em educação.

Do ponto de vista da construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento é fundamental perceber que cada vez mais, na medida em que cresce a importância da ciência no processo produtivo, a educação e qualificação da classe trabalhadora faz a diferença no desenvolvimento relativo das nações. O nível de escolaridade pesa na determinação do grau relativo de produtividade e competitividade da economia, valor do PIB e da renda per capita, bem como na forma de inserção das nações na divisão internacional do trabalho. A educação, ou a falta dela, também tem muito a ver com a desigualdade na distribuição da renda. Por fim, a educação é fundamental para despertar a consciência social e a consciência de classe dos trabalhadores e trabalhadoras. Esta é mais uma razão pela qual a CTB luta pela universalização da educação pública, laica, obrigatória e gratuita, configurada numa nova concepção pedagógica e epistemológica voltada à transformação e emancipação social e política do povo brasileiro, escapando das visões tecnicistas e instrumentais voltadas aos interesses da classe capitalista.