ROMA: DA MONARQUIA AO IMPÉRIO

Senatus Populusque Romanus

    A cidade de Roma, atual capital da Itália é uma das grandes cidades da antiguidade que continua viva e habitada nos dias atuais. Chegou a ser em certo momento histórico (início da era comum) a cidade mais populosa do mundo, a primeira a superar a marca de um milhão de habitantes. Seu tamanho foi proporcional a sua importância política pois tornou-se o centro administrativo de um vasto império com território em 3 continentes (Europa, África e Ásia). Nesse tempo de glórias a cidade era chamada de "caput mundi" (capital do mundo). "cidade das 7 colinas" e "cidade eterna" também são expressões utilizadas para referir-se a ela.

    A história dessa "dona do mundo" é comumente dividida em 3 fases: a Monarquia, a República e o Império. Mas cuidado aqui: Roma tornou-se o centro de um império já na fase da Monarquia, ou seja já era um império antes da fase histórica chamada império. Foi durante a fase da República que o Império romano mais expandiu seus domínios. O período imperial na verdade corresponde a fase final da história romana, vejamos:

    Roma surgiu no século VIII antes da era cristã, fundada pelo povo latino às margens do rio Tibre. Nasceu como nasciam as cidades antigas, a partir do desenvolvimento econômico provocado pelo aperfeiçoamento agrícola de um núcleo sedentário que cresceu populacionalmente aprofundando o processo de divisão e especialização do trabalho.

    Inicialmente Roma foi governada por Reis (período monárquico). Os primeiros reis romanos eram latinos, descendentes dos fundadores da cidade, os últimos reis, no entanto, eram de origem etrusca, povo guerreiro que também exerceu forte influência na consolidação da civilização romana e que a conquistou. Durante o reinado dos reis etruscos, a cidade teve grande progresso material: construção de muralhas, aquedutos e prédios públicos, drenagem de pântanos e esgoto (cloaca máxima).

    Assim como os latinos e etruscos, os gregos que possuíam várias pólis no sul da península (Magna Grécia) exerceram forte influência cultural ao povo de Roma com quem mantinham intenso intercâmbio comercial. A semelhança da mitologia romana com a mitologia grega talvez seja o traço mais badalado dessa influência helênica, mas talvez a assimilação de técnicas de combate tenha sido muito mais relevane para a história romana.

    Sob o comando de monarcas que acumulavam funções administrativas, militares e religiosas (como era comum à época) Roma tornou-se um império destruindo a cidade de Alba Longa e conquistando outros tantos povoados da região do Lácio até a foz do rio Tibre.

    Ainda no período da realeza, a cidade de Roma organizou-se em torno de duas classes sociais fundamentais, os patrícios, proprietários de terra e de escravos, que compunham a “elite” romana e comandavam as tropas do prodígio exército e os plebeus que compunham a população pobre mas livre da cidade. Interessante notar que tanto patrícios quanto plebeus eram os romanos natos, considerados assim por serem descendentes dos primeiros romanos. Ter o sangue romano era um critério que concedia status em Roma. A medida que o império crescia outras classes sociais também se organizaram na cidade, os clientes, que eram forasteiros que iam viver na cidade (via de regra sobre a proteção de um patríćio) e os escravos que iam aumentando com as vitórias militares que geravam cativos para o trabalho forçado.

    Em 509 antes de Cristo, uma grande revolta popular depôs o Rei Tarquínio, conhecido como “o Soberbo” e inaugurou um novo e complexo sistema de governo baseado num exercício colegiado dos poderes do Estado. Era o começo da República que denominou também uma nova fase da história romana. Do latim, res = coisa e pública = de todos, ou seja, o governo que pertencia a todos. Sem exageros, era um governo mais amplo que a monarquia (mono = um e arquia = governo), um governo de mais de um, mas definitivamente de poucos (aí o termo mais honesto seria oligarquia).

    Na República Roma passou a ser dirigida pelo Senado, antigo conselho de anciões que aconselhavam e auxiliavam os reis. O Senado era composto inicialmente somente por 300 patrícios e na prática representava essencialmente as mais ricas e poderosas famílias romanas. As reuniões do Senado aconteciam no Fórum, prédio cercado de outros edifícios públicos de relevância administrativa e religiosas. Nas reuniões do Senado elaboravam-se leis, tomavam-se decisões e elegiam-se a maioria dos cargos dos magistrados, servidores públicos com as mais diversas funções administrativas.

    Comandados por generais patrícios escolhidos pelo Senado, os soldados romanos de origem plebeia expandiram os domínios de Roma por todo o entorno do Mar Mediterrâneo. utilizando-se de estratégias aperfeiçoadas de luta em formação inspiradas nos antigos gregos e em eficientes armas produzidas com requintes técnicos de uma engenharia que marcou essa civilização. O exército dos plebeus romanos garantiu ao mesmo tempo, o enriquecimento do império, a expansão das atividades comerciais romanas e o emprego massivo da força do trabalho escravo.

    A importância dos plebeus na expansão territorial e econômica do império romano, levou-os a protagonizarem várias revoltas em busca da ampliação de direitos. As revoltas plebeias marcaram o período republicano romano e garantiram-lhe algumas conquistas importantes como o direito de eleger representantes para o Senado (os tribunos), de poderem realizar casamentos entre patrícios e plebeus e de poderem receber terras conquistadas como “prêmio” por seus serviços militares.

    A principal forma de luta dos plebeus era retirarem-se da cidade e acampar nos montes da redondeza, deixando Roma desprotegida da ação de qualquer invasor. Com direitos ampliados, prosperando com atividades como o comércio e por fim casando-se com famílias patrícias, alguns plebeus enriqueceram e deram início a uma nova classe social, os nobilitas.

    Além das revoltas plebeias, a crônica romana também nos apresenta a primeira revolta de escravos de grande vulto que temos conhecimento na história, a revolta de Espártaco, ex gladiador que fugiu e ajudou na fuga de outros ex-escravos, chegando a reunir mais de 70 mil homens que aterrorizaram por 3 anos o império romana. A saga de Espártaco já virou livros, filmes e séries de TV (ou streaming) e vale a pena ser conhecida.

    Por outro lado, a ação de generais de origem patrícia que voltavam de suas campanhas carregados de espólios e escravos, realizando desfiles triunfantes pela cidade e transformando-se em verdadeiros heróis populares, provocou a última grande mudança política no antigo império romano, a instituição do Império, quando generais passaram a se colocar acima da autoridade do Senado e passaram a governar o império como ditadores que concentravam todos os poderes do governo em si mesmos.

    Governada por imperadores tirânicos que baseavam seu poder no comando das tropas leais, Roma viveu seus últimos momentos grandiosos. No ano de 330 o Imperador Constantino mudou-se para a cidade de Bizâncio (atual Istambul) e a declarou a segunda Roma, convertendo-a na nova capital do Império. Em 395, após a morte do imperador Teodósio, o já decadente império, em meio a várias crises, foi dividido por seus filhos em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente. O grande império já não existia mais. em 473 a velha Roma foi invadida, saqueada, incendiada e destruída por tribos germânicas que se apoderaram de toda essa parte ocidental do antigo império, Segundo a periodização tradicional, este é o marco do fim de um período da história humana conhecida como história antiga.

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