A REVOLUÇÃO FRANCESA

Somando-se aos acontecimentos da Revolução
Gloriosa na Inglaterra em 1688 (quando foi criada a Monarquia Parlamentarista) e a Revolução Americana, a Revolução Francesa completou o quadro das revoluções burguesas. No entanto diferentemente das duas primeiras revoluções citadas, os acontecimentos na França do final do século XVIII expandiram-se pelo mundo, colaborando decisivamente para a quebra do poder das Monarquias Absolutistas na Europa e influenciando diretamente os processo de independências na América e a proliferação de novas repúblicas no “novo mundo”. Por isso podemos dizer que a revolução francesa foi a mais importante das revoluções liberais burguesas e é utilizada como marco do início da era contemporânea.

Sempre que falamos de revolução estamos falando de acontecimentos importantes. Revolucionar significa alterar profundamente as coisas como elas estão. Revolução é uma grande transformação. Grande, profunda, mas não necessariamente rápida. A revolução francesa é delimitada pelos historiadores entre os anos de 1789 (com a convocação dos Estados Gerais) até o ano de 1799 (com o golpe de Napoleão Bonaparte). São dez anos de processo revolucionário.

Como é prática nas análises históricas, precisamos retornar um pouco no tempo para entendermos melhor os acontecimentos do processo revolucionário francês. Primeiro é preciso identificar um senário de crise econômica e crise política vivida naquele período pelo mais populoso país europeu da época. Os anos que antecederam a revolução foram marcadas por períodos de seca o que prejudicou a produção agrícola e a produção de alimento o que acentuou a miséria e difundiu a fome entre os franceses. Os gastos questionáveis da coroa, como a participação na guerra dos sete anos e as despesas para bancar uma vida de luxo na corte, que contrastavam com a realidade paupérrima da população, colaboravam para uma situação precária das finanças do Rei Luis XVI que tornou-se demasiadamente impopular.

Para resolver os problemas econômicos do governo, o Rei decidiu aumentar os impostos para resolver o “déficit público”. No entanto a ideia não foi apoiada pela Aristocracia que recomendou a convocação de uma “Assembleia dos Estados Gerais” para discutir as finanças do reino. A referida Assembleia era um conselho de representantes do povo, segundo a tradição medieval, pensada em em 3 categorias: o clero (chamado pela tradição de primeiro estado), a nobreza (o segundo estado) e o terceiro estado (o resto da população sem privilégios e status). A ideia do Rei era fazer parecer que a medida de aumento dos impostos não foi uma deliberação sua, mas uma decisão dessa assembleia.

Nessa Assembleia coube a burgueses ocuparem os lugares do chamado terceiro estado e foram esses “representantes do povo” que, contrários a intenção do aumento dos impostos, iniciaram as ações que se avolumaram contra o Rei. Cabe salientar que a burguesia era quem pagava impostos (sendo essa uma condição para ser eleito como representante do terceiro estado), clero e nobreza entre outros privilégios, gozavam da isenção de impostos. Portanto, na prática, era a burguesia que financiava o funcionamento do governo e todos os gastos fúteis da família real e dos esbanjadores da corte.

Na instalação da Assembleia dos Estados Gerais, no palácio de Versalhes, o terceiro estado contrariando a tradição, propôs que as deliberações fossem realizadas pelo sufrágio, isto é, cada um cada voto. A tradição era que a Assembleia dos notáveis deliberassem por Estado, ou seja, era um voto para cada estado. Contando com apoio da maioria do clero e da nobreza, mesmo com a contrariedade da unanimidade do terceiro estado, o Rei garantia vitória nas votações por 2 a 1.

O impasse da forma de votação foi o primeiro empecilho imposto pela burguesia (terceiro estado) as pretensões do Rei. A revolução começa quando esses “representantes do povo” retiram-se da Assembleia e ocupam uma quadra de esportes do palácio, convidando outros representantes dos outros estados descontentes com o Rei, para unirem-se em uma “Assembleia Nacional Constituinte”. Era um afronta contra a Monarquia Absolutista, o dia era 9 de julho de 1789. Interessante notar que militares (muitos veteranos das guerras na América) apoiaram a atitude dos rebeldes e não reprimiram os acontecimentos dentro do palácio, isso fez com que Luis XVI contratasse mercenários suíços e de outras nações estrangeiras para reprimirem os revoltosos.

Os acontecimentos, assim como o descontentamento com o governo Real, não ficaram restritos as dependências do Palácio de Versalhes, fora dele a população parisiense estava atenta aos desdobramentos na sede do poder. A chegada em Paris de tropas estrangeiras, sabidamente contratados pelo Rei, só aumentou essa insatisfação popular com o regime Absolutista. Em 14 de julho de 1789, um grande levante popular invadiu a prisão real, a famosa “Bastilha”, símbolo do poder monárquico, para onde iam os desafetos do Rei. Esse ato simbólico foi uma demonstração popular de apoio aos representantes do terceiro estado e um recado para Luis XVI como se o povo dissesse: não adianta mandar prender ninguém que não vai ter prisão. Enquanto isso a Assembleia Nacional Constituinte aprova em 26 de agosto (de 1789) a célebre “declaração universal dos direitos do homem e do cidadão".

Perdendo popularidade e vendo sua autoridade e poder desfazerem-se o Monarca francês acuado, tenta fugir (escondido) da França, mas é reconhecido e capturado em 1791. Preso e acusado de traição a França, pede ajuda para os reis da Espanha, da Áustria, Prússia e da Holanda (e até para o Papa). Mas antes que as Monarquias europeias corressem em ajuda ao colega francês, a Assembleia Nacional decretou em 1972 a chamada “guerra preemptiva”. Dessa maneira o novo governo revolucionário francês tomava o poder de fato e tratava de proliferar seus ideia anti absolutistas pela Europa. Nesse momento surge a figura histórica do General Napoleão Bonaparte que comanda os exércitos franceses atacando os demais países europeus, destronando reis e garantindo a continuidade e o êxito da revolução francesa.

Em 1793, Luis Capeto, assim denominada Luis XVI pelos revolucionários que passaram a tratar o Rei como um cidadão comum, igual a todos os outros, é condenado a morte por crimes contra a nação e a revolução e acaba sendo executado em praça pública através da guilhotina, instrumento inventado na época e inaugurada nessa execução. Esse foi um momento alto da revolução, mas as disputas pelo poder interno na França e os debates em torno de uma constituição para frança continuavam muito em torno da Assembleia dos representantes do povo, a antiga Assembleia Nacional Constituinte, que em 1791 passou a se chamar Assembleia Legislativa e em 1972 passou a se chamar Convenção Nacional. Napoleão, que em 1799 entrou na disputa política tornando-se o primeiro cônsul da França, continuou lutando contra exércitos e Reis europeus até ser derrotado finalmente na batalha de Waterloo em 1815.

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