AS GUERRAS GREGAS E O HELENISMO

    O mundo grego antigo foi marcado por uma
descentralização política e geográfica, mas apesar disso, por tantas realizações e criações culturais, os gregos ficaram muitos famosos desde seu tempo. Entre os feitos notáveis de sua civilização figura a criação da luta em formação que lhes garantiu muito sucesso (e escravos) nos campos de batalha da antiguidade. Entre tantos conflitos e batalhas em que se envolveram, a que lhes garantiu proeminente prestígio foram as derrotas impostas ao poderoso exército persa nas Guerras Médicas (ou guerra dos medos ou guerras greco-pérsicas). O triunfo grego sobre a tentativa de invasão persa no continente europeu tornou-se mais notável pelo fato de ter sido realizada com contingentes militares bem inferiores numericamente ao dos pretensos conquistadores. Tática, estratégia, conhecimento do terreno, bravura e ousadia foram ingredientes fundamentais nas vitórias gregas.
     

    Claro, não foi fácil e não foram apenas só triunfos. Aliás, no início do conflito eram só vitórias persas. Por volta de 546 a.C., sob o comando de Ciro o grande, os persas dominaram a região da Jônia na península da Anatólia (atual Turquia) dominando as pólis gregas da região que não quiseram lutar e aceitaram pagar tributos e enviar homens ao exército persa. Apenas a ilha de Samos ousou resistir e acabou aniquilada para servir de exemplo a quem enfrentasse o poderio persa. Revoltas Jônicas apoiadas principalmente por Atenas que enviou homens à região para lutarem contra os agressores deram prosseguimento às batalhas dessa guerra que iniciou marcada por uma inabalável supremacia persa.

    O jogo começou a virar na célebre batalha de Maratona quando os persas comandados por Dario I em 490 a.C. tentaram penetrar na Europa e foram derrotados fragorosamente por um exército composto de guerreiros de Atenas e de Platéia em número bem menor que os atacantes. O historiador grego Heródoto de Halicarnasso registrou o confronto e declarou que apenas 192 gregos morreram no combate, enquanto os persas tiveram mais de 6.400 baixas. Nem os gregos acreditavam que conseguiriam tal proeza. Ao deixarem a cidade de Atenas para lutarem, teriam orientado as mulheres que ficaram a matarem as crianças e cometerem suicídio caso fossem derrotados. Isso justifica a longa corrida que deu origem a prova olímpica, para avisar a vitória e evitar qualquer mal entendido que poderia virar tragédia.

    O filho de Dario, Xerxes, reorganizou o exército persa e em 480 a.C. e num grande feito ultrapassou o helesponto (atual estreito de Dardanelos) construindo uma ponte apoiada em centenas de barcos. Avançando sobre Atenas os persas saquearam, incendiaram e destruíram a maior pólis grega. Grande parte da população e do exército ateniense refugiou-se na ilha de Salaminas onde a perspicácia grega elaborou uma armadilha que impôs mais uma dura derrota em uma batalha naval aos persas. Na batalha de Salaminas a frota naval grega, mais uma vez em menor número e com embarcações menores que a persa, conseguiu derrotar os inimigos em um estreito onde a superioridade numérica e o tamanho das embarcações persas só os atrapalharam.

    Por mar e por terra, os gregos demonstravam sua aptidão guerreira. Quando unidas as forças militares gregas não tinham adversários à altura no mundo antigo. O problema era como unir todo o mundo helênico em um império centralizado. Na disputa por ser o centro (a capital) dum império imbatível, as duas maiores pólis gregas, Esparta e Atenas entraram em guerra em 431 a.C.. Atenas já tinha conseguido aliados importantes reunidos na Liga de Delos que ajudou inclusive a reconstruir a cidade após a destruição pelos persas. Esparta organizou a Liga, ou Confederação do Peloponeso.

    A Guerra do Peloponeso estendeu-se por 27 anos de batalhas entre exércitos gregos lutando pela supremacia na constituição de um pretendido Império. A vitória de Esparta e seus aliados, que destruiu mais uma vez a cidade de Atenas, resultou por fim na devastação da economia grega e no enfraquecimento dos melhores exércitos do mundo antigo.

    Aproveitando-se do enfraquecimento dos vizinhos do sul, os macedônios, que eram basicamente tribos helênicas do norte do mar Egeu, liderados por Filipe Magno, montaram um poderoso exército com inovadoras tecnologias de artilharia, como as catapultas e avançaram ao sul dominando e unificando o mundo grego. Após ser assassinado em condições não muito bem explicadas, o filho de Filipe, Alexandre Magno, assumiu o comando do poderoso exército macedônio, reforçado com tropas unificadas de diversas poleis gregas e deu seguimento ao projeto expansionista de seu pai investindo sobre os domínios persas.

    Em muitos lugares, como no Egito, Alexandre foi recebido como libertador, em tantos outros lugares foi necessário demonstrar sua capacidade militar que comprovou-se de inquestionável competência. A medida que avançava por novos territórios Alexandre fundava cidades (20 no total), muitas batizadas com seu nome próprio nome, como Alexandria do Egito, Alexandria da Ária, Alexandria do Cáucaso, Alexandria de Aracósia, Alexandria de Opiena, além de uma Alexandrópolis (no atual Afeganistão). Em cada cidade fundada, arquitetos gregos erguiam teatros e outros prédios gregos. Artistas e comerciantes gregos também passaram a percorrer essas novas cidades. Dessa maneira o império construído por Alexandre serviu para difundir a cultura grega pelo mundo antigo num processo que ficou conhecido como helenismo.

    Além da competência militar, Alexandre mostrou habilidades políticas, respeitando instituições políticas e religiosas dos povos que conquistou e promovendo casamentos entre seus oficiais e mulheres das populações locais. Ele mesmo casou-se com uma princesa persa. No entanto, não teve tempo de ter filhos e gerar um herdeiro. Morreu jovem, longe de casa e em condições ainda incertas. Seu corpo e seu cortejo fúnebre foram disputados por seus generais que acabaram dividindo entre si aquele que foi o maior império que o mundo tinha conhecido até aquele momento (século IV a.C.).


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