Literatura Viva


Brecht para os íntimos, era um dramaturgo socialista alemão, militante em versos e prosas deixou suas marcas na cultura revolucionária do início do século XX. O "Analfabeto político" é um escrito já clássico na esquerda brasileira. Não sei quem traduziu esses poemas, mas são já fáceis e acessíveis hoje em dia de serem encontrados na internet. 

 (Bertold B. Primeiro levaram os negros...)

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


*** 


 Bertold B. Perguntas de um trabalhador que lê
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha
da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?

No entanto a facilidade de acesso as obras escritas e traduzidas de hoje está diretamente relacionada a facilidade de disponibilização dessas na rede o que causa algumas situações interessantes:




***


Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.




Click se achar que é do Mayakóvsky


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