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| Rotas de migrações humanas no tempo |
O continente americano sofreu um processo de colonização que marcou os tempos modernos e alterou decisivamente os rumos da sua própria história, da mesma forma que influenciou os rumos da história global. Os desdobramentos do processo da colonização europeia da América foram tão significativos que costumamos dividir a história total dos povos do continente em antes e depois dessa colonização. Mas antes de entrarmos no estudo da história moderna, cabe nos determos um pouco na história antiga (e na pré-história) dos povos nativos da América, chamados genericamente de índios pelos conquistadores europeus.
Sabemos que os primeiros seres humanos do planeta surgiram na África e de lá se espalharam pela Ásia, Europa, Oceania e por fim chegaram a América. A mais antiga teoria de povoamento da América apontava para uma migração vinda da Ásia pela região do atual estreito de Bering que a uns 13 mil anos atrás encontrava-se acima do nível do mar formando uma região chamada de Beríngia, onde viviam animais como os Manutes e as Preguiças gigantes, grandes mamíferos que compunham a chamada mega fauna que servia de caça aos humanos que nos rastros dessas grandes fontes de proteína teriam chegado a América povoando esse continente de norte a sul. As semelhanças físicas entre os índios norte-americanos e os povos do nordeste asiático, reforçada pelos estudos genéticos mais atuais e estudos linguísticos que apontavam elementos comuns das línguas desses povos, serviam para corroborar essa teoria.
Entretanto, os indícios arqueológicos até hoje descobertos, não ajudam muito a comprovar essa teoria, já que as ossadas mais antigas encontradas na América são datadas como mais antigas que a emersão da Beríngia. Entre os fósseis mais antigos de humanos na América temos a famosa Luzia, encontrada no Brasil (sítio arqueológico da lagoa vermelha no atual estado de Minas Gerais). Luzia apresenta traços físicos semelhantes aos povos da polinésia. A partir dos estudos dessas ossadas humanas mais antigas da América desenvolveu-se a teoria da migração, através da navegação pelo Oceano Pacífico, de povos da Oceania para a América, poderia ser uma migração da polinésia ou até diretamente da Austrália.
Mais recentemente a arqueóloga brasileira Niede Guidon, que trabalha no sítio arqueológico do parque da Capivara (atual estado do Piauí), onde se encontra a maior quantidade de arte rupestre do mundo (típico das culturas paleolíticas), defende a teoria de que os mais antigos povoadores da América tenham vindo diretamente da África navegando pelo Oceano Atlântico chegando na região do atual nordeste brasileiro. Mais uma vez faltam vestígios fósseis que comprovem decisivamente essa teoria que se sustenta em análise de antigas fogueiras datadas (pelo recente método de fotoluminoscência em carvão vegetal) em mais de 50 mil anos atrás.
O estágio atual das pesquisas sobre as origens dos homens americanos aponta para uma teoria de “múltiplas entradas”, nesse sentido uma teoria não anula outra e ainda que não seja possível identificar a mais antiga migração de homens de outros continentes para a América, é muito plausível acreditar que não ocorreu apenas uma onda migratória, mas várias em vários momentos e por caminhos diferentes, todos dentro do período conhecido como paleolítico e portanto não há dúvida de que os primeiros homens americanos eram caçadores e coletores.
Também é certo que os vários grupos humanos pioneiros do povoamento americano evoluíram de maneira diferente e quando os europeus aqui chegaram coexistiam muitas culturas em diferentes estágios de desenvolvimento técnico e cultural de maneira que, ainda que continuemos a utilizar o termo “índios”, não podemos nos esquecer que esse termo se refere a diferentes formas de cultura, isto é, “índio” não é tudo igual. Quando nos referimos aos índios estamos falando de uma variedade de povos diferentes entre si. Povos com culturas diferentes, com organizações sociais diferentes e notadamente com histórias diferentes.
Professor Fábio Freitas
apenas um latino americano
sem parentes importantes
e vindo do interior
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