Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem me dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, foi escritor, contista e poeta. Toda a sua obra, escrita enquanto estudava Ciências Jurídicas, foi publicada após sua morte que ocorreu em 1852, quando ele tinha apenas vinte anos. Foi o suficiente para tocar gerações de leitores e escritores e fazê-lo patrono da cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras.
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